Um golpe no Pix
- Luis Alcubierre
- 14 de jan.
- 2 min de leitura
Desde o início do ano, uma onda de desinformação tem se espalhado sobre as mudanças no monitoramento de transações financeiras via Pix. Entre os boatos mais alarmantes, está a ideia de que o governo passaria a taxar transferências realizadas por esse sistema. A disseminação de tais inverdades revela tanto a ingenuidade de parte da população quanto o aproveitamento de pessoas mal-intencionados, que exploram o medo e a desconfiança para espalhar pânico e desinformação, e a incapacidade de agentes públicos em antever que isso seria uma carta marcada.
Embora a Receita Federal tenha ampliado a fiscalização para transações acima de R$ 5 mil por mês, não há qualquer indicativo de criação de um imposto sobre o Pix. O objetivo dessa medida é coibir a sonegação fiscal e identificar irregularidades financeiras, respeitando os sigilos bancário e fiscal. O governo, em resposta aos rumores, tem reforçado sua comunicação por meio de vídeos, declarações oficiais e ações jurídicas para combater fake news e tranquilizar a população; mas convenhamos, com um sonoro atraso.
O que muitos esquecem é que o monitoramento de transações financeiras já existia para TEDs, DOCs e cartões de crédito, e o Pix apenas foi incluído no processo. A verdade é que o Pix abriu uma janela de oportunidade para oportunistas e a lavagem de dinheiro aumentou. Embora a medida faça todo o sentido, é fundamental entender que não se brinca com um país que precisa desesperadamente arrecadar para compensar seu estilo de gastos, mas o medo do “monitoramento” muitas vezes reflete mais uma desinformação sobre as regras já existentes do que uma mudança real na fiscalização.
O episódio evidencia a importância de separar fatos de boatos, especialmente em tempos de fluxos intensos de informações nas redes sociais. A desinformação afeta a credibilidade das instituições, mas principalmente a confiança dos cidadãos nas políticas públicas. A informação precisa ser verificada em fontes confiáveis, como sites governamentais ou veículos da imprensa profissional. Assim, combatemos os oportunistas que lucram com o medo e protegemos o já tão suado dinheiro dos trabalhadores.
Mais do que um episódio pontual, a história reflete como as fake news estão moldando comportamentos e decisões. Para que o debate público seja saudável e construtivo, cada cidadão precisa assumir o papel de guardião da verdade. Questionar, verificar e disseminar informações corretas não é apenas uma necessidade, mas uma responsabilidade coletiva. Só assim conseguiremos construir uma sociedade mais informada, onde o medo e a manipulação não terão espaço para prosperar.
As fake news se repetirão e o meu discurso, também.

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