Nem toda verdade precisa ser dita. Mas toda verdade precisa ser bem dita
- Luis Alcubierre

- há 6 dias
- 2 min de leitura
No ambiente corporativo, essa frase costuma gerar ruído. E é justamente por isso que ela importa. Enrique Sueiro, uma das maiores referência de Comunicação na Espanha, costuma lembrar que “a verdade só funciona quando é suportável”. Não é relativizar fatos. É reconhecer que nenhuma verdade é eficaz se quem a recebe não está emocionalmente preparado para absorvê-la.
Confidencialidade não é omissão culposa. Também não é mentira. É governança. É responsabilidade com pessoas, reputações, investigações internas e decisões estratégicas que exigem silêncio temporário. Transparência não é dizer tudo a qualquer hora, mas dizer o necessário no momento certo, com contexto e método.
A impulsividade comunicacional, tão estimulada pelas redes e pela ansiedade por respostas imediatas, costuma fazer mais estrago do que o próprio problema inicial. A neurociência mostra que informações abruptas paralisam, distorcem percepções e alimentam narrativas equivocadas. Em crises, essa combinação é explosiva. O pensador Paul Ricoeur dizia que “há palavras que iluminam e palavras que ferem”. A liderança responsável não pode se dar ao luxo de ferir antes de iluminar.
É aqui que entra a maturidade da liderança. Administrar verdades é também administrar impactos. Grandes executivos sabem que a forma como uma notícia é entregue pode estabilizar ou colapsar equipes inteiras. Por isso, comunicar exige empatia estratégica: a habilidade de proteger emocionalmente sem infantilizar, e de orientar sem expor prematuramente.
Quando Sueiro fala sobre “verdades suportáveis”, ele não convida ninguém a mascarar fatos. Ele convida a reconhecer que comunicar é um ato de responsabilidade. É o compromisso de entregar a verdade de modo que ela produza entendimento e não colapso.
Em última instância, estamos falando de um pacto ético entre quem sabe e quem precisa saber. A verdade deve sempre chegar, íntegra, honesta e completa. Apenas não pode chegar de qualquer jeito. Porque comunicar não é despejar fatos, é cuidar de pessoas enquanto se conduz a organização para o seu próximo nível de consciência, cultura e responsabilidade.






























































Comentários