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O mal-entendido que mudou tudo

Às vezes a vida nos oferece enredos que nenhum roteirista ousaria escrever. Em 1989, eu era um garoto começando na redação da 89FM, ainda com cheiro de pauta fresca e um entusiasmo quase ingênuo. O Sistema Jornal do Brasil operava a emissora e eu tentava encontrar meu lugar naquele universo acelerado. Numa manhã comum, tocou o ramal da redação. A telefonista anunciou: “É o assessor de imprensa da Dow Química”. Respirei fundo e atendi.


Do outro lado estava alguém educado, técnico, direto ao ponto. “Luis, saiu uma nota no ar envolvendo a Dow em um acidente de 1984, em Bhopal, mas aquele desastre não foi com a gente. Foi com a Union Carbide.” Eu já conhecia a tragédia. O vazamento de isocianato de metila que matou milhares no mesmo dia, e mais tantos nos anos seguintes, era um símbolo da vulnerabilidade daqueles tempos. Ali, enquanto eu ouvia aquela descrição serena, percebi a gravidade do erro. A “barrigada”, ainda bem, não havia sido minha. Preparamos a errata e ela foi ao ar horas depois.


Antes disso, num impulso que hoje reconheço como um divisor de águas, fiz a pergunta que mudaria a minha história: “Por acaso vocês têm vaga de estágio?”. Silêncio curto. Depois, a resposta que ecoa até hoje: “Por acaso sim. Venha preencher uma ficha no RH e seguimos o processo.”


Eu fui. Eu passei. E eu deixei a redação para entrar no mundo corporativo da Comunicação. Sem glamour, sem plano prévio, apenas a intuição de que aquele caminho fazia sentido. O homem do outro lado da linha era Marcelo Alonso.


Trinta e seis anos depois, seguimos juntos. Ele, com sua bagagem de Credicard, Vivo e Natura. Eu, com meu percurso por tantas outras, pelas comunicações, pelos temas sensíveis, pelas arenas do diálogo. Um mal-entendido nos conectou. A ética, a confiança e a vontade de fazer melhor nos mantiveram lado a lado.


Hoje celebramos mais um capítulo dessa parceria que atravessa décadas. Estamos lançando a hashtag#Mentoria hashtag#a2 – hashtag#Comunicação hashtag#para hashtag#Executivos hashtag#Antenados. Um programa para CEOs, C-Levels e lideranças emergentes que entendem que comunicar bem não é ornamento, é alavanca estratégica. 


Criamos a hashtag#a2 porque a liderança contemporânea exige esse jogo fino: clareza, profundidade e a coragem de sustentar posições em cenários voláteis, ambíguos, ameaçadores e, sim, muitas vezes mal-entendidos.


Quando a comunicação se torna habilidade central, o líder deixa de reagir ao tabuleiro e passa a orientar o jogo. Talvez seja essa a síntese da minha história com o Marcelo. Começamos ajustando uma informação. 


Hoje ajudamos executivos a ajustar a forma como se apresentam ao mundo. E, no fundo, tudo começou com um simples telefonema que poderia ter sido só mais uma manhã comum. Mas não foi.


ree

 
 
 

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