Por que os extremos precisam ser excluídos?
- Luis Alcubierre
- 28 de fev.
- 2 min de leitura
À primeira vista, a ideia de exclusão pode parecer inerentemente negativa ao nos lembrar de possíveis restrições e censura. No entanto, quando se trata de extremos, essa exclusão passa a ser mais do que necessária, como também desejável para alcançar a harmonia social e o consenso. No campo da polarização, onde os debates se transformam em confrontos e os compromissos são vistos como fraquezas, a exclusão do radicalismo é atitude vital para prevenir a dor e o erro provocados por posturas inflexíveis.
Tendo a acreditar que só assim a sociedade encontrará espaço para o avanço em direção a um entendimento comum. Historicamente, muitos pensadores alertaram contra a tirania dos extremos. A ética de Aristóteles defendia a virtude do meio-termo, a chamada "justa medida", que incentiva caminhos moderados como forma de alcançar a virtude e a felicidade. Essa sabedoria clássica continua viva, porque de fato ela evita as ríspidas colisões de ideais que em geral dividem a sociedade.
O filme "12 Homens e uma Sentença" nos lembra como um grupo inicialmente polarizado é capaz de encontrar consenso quando direciona o debate a partir de uma atitude racional e cooperativa. A referência ilustra que, ainda que os extremos frequentemente surjam de paixões intensas, é através do diálogo paciente e da escuta que a verdade pode emergir e um entendimento pode ser estabelecido.
Nos círculos políticos, a exclusão dos extremos é frequentemente vista como uma necessidade de sobrevivência social. Como os polos opostos em geral não encontram terreno comum, as consequências acabam inclinadas para o nefasto: estagnação política, revoltas sociais e, em casos extremos, guerra civil.
O filósofo Karl Popper argumentava que uma sociedade aberta, que valoriza o diálogo e permanece crítica de suas próprias certezas, é a única capaz de prosperar de maneira legítima e duradoura. Sob uma perspectiva mais pragmática, é importante reconhecer que pontos de vista extremos frequentemente falham em oferecer soluções eficazes e sustentáveis.
A rigidez de suas posições tende a evitar o compromisso e a inovação, enquanto as sociedades dinâmicas prosperam através da confluência de ideias divergentes que encontram um espaço comum. Monólitos ideológicos frequentemente se transformam em becos sem saída, onde o progresso é eclipsado pela obstinação. Em última análise, a exclusão dos extremos não significa suprimir pensamentos divergentes, mas sim encorajar uma cultura de diálogo onde é possível promover o entendimento mútuo.
O confronto com a diversidade de crenças não pode ser visto como uma ameaça e sim como uma oportunidade de enriquecimento coletivo. O dramaturgo Anton Tchekhov dizia que a verdadeira mudança ocorre quando ultrapassamos o espectro dual do certo e do errado e começamos a explorar o vasto campo do entendimento humano no qual a renúncia só não é mais poderosa do que os ganhos trazidos por sua contrapartida.

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