O destruidor de equipes

Há líderes que constroem redes de confiança. Outros, inexplicavelmente, são autorizados a queimá-las. Em muitas organizações, profissionais sem qualquer preparo para liderar pessoas chegam a posições-chave de gestão. Não porque demonstraram talento para inspirar ou organizar times, mas por critérios subjetivos, por estarem no lugar certo na hora certa, por vínculos políticos internos ou por entregas técnicas que pouco dizem sobre sua capacidade de gerir seres humanos. O problema? Eles não lideram, eles desmontam.

Empresas que colocam esse tipo de profissional em posições de liderança correm um risco na essência, impactando e comprometendo sua cultura e sua estratégia. O ambiente se intoxica, o clima se deteriora, a produtividade some, o talento vai embora e a reputação silenciosamente desaba. Esses gestores costumam exibir comportamentos que vão além da simples inabilidade: são, muitas vezes, egocêntricos, inseguros, vaidosos ao extremo e, em alguns casos, apresentam traços claros de desvio de conduta - do egoísmo tóxico ao assédio moral.

Conheci o caso de um vice-presidente que, ao invés de cultivar talentos, os expulsou. Três diretores, em dois países distintos, renunciaram aos seus cargos por não suportarem mais o ambiente criado por ele. Suas ideias não tinham espaço, suas vozes eram silenciadas e sua dignidade, minada. Uma liderança que encolhia tudo ao seu redor. A empresa, ao mantê-lo, perdeu mais do que bons executivos: ganhou uma dor de cabeça para o compliance, um rombo invisível no engajamento e, certamente, um passivo ético de longo prazo.

Fica a pergunta: o que essa empresa ganhou com isso? Recrutadores e os principais líderes de uma organização não têm a obrigação de ver tudo, mas têm a responsabilidade de manter os olhos bem abertos com o que acontece ao seu redor. O primeiro sinal de alerta deve chamar a atenção; o segundo precisa ser investigado; e o terceiro não deve deixar mais dúvidas: esse profissional não é um líder, é um risco. E um risco que custa caro.