Informação é vento. Conhecimento é raiz
- Luis Alcubierre
- 21 de mai.
- 2 min de leitura
Esta manhã, vi a foto de uma enciclopédia. Como será que atualizariam ela hoje? Em quanto tempo se tornaria obsoleta? A imagem me levou a concluir que há muita diferença entre informação e conhecimento - e como, talvez, estejamos confundindo as duas coisas.
Estar informado, ou melhor, bem informado, é quase compulsório. As redes nos inundam com dados, tendências, breaking news e análises em tempo real. Muitos se tornam trendsetters, especialistas em captar o zeitgeist. Mas será que isso basta? Informação é o que nos chega. Conhecimento é o que fica. É o que conseguimos conectar, aplicar e transformar em ação ou sabedoria.
Historicamente, o conhecimento era construído com tempo, silêncio e profundidade. A enciclopédia era um símbolo disso: um esforço coletivo de registrar o saber humano. Hoje, a obsolescência é programada. O que aprendemos sobre geopolítica, medicina ou tecnologia pode envelhecer em poucos meses. Não é à toa que existe uma brutal obsolescência da educação tradicional, porque não há tempo para que ela acompanhe a velocidade das mudanças.
Isso não significa que a informação perdeu valor. Mas sem contexto, sem reflexão, sem prática, ela é só ruído. Como escreveu Peter Burke, historiador inglês, "você não sabe mais do que os seus ancestrais", a menos que consiga transformar dados em entendimento.
Talvez a pergunta não seja qual vale mais, mas como equilibrar os dois. Informação sem conhecimento é superficialidade. Conhecimento sem informação é desatualização. O desafio é cultivar raízes em meio ao vento.
A tecnologia nos deu ferramentas para acessar qualquer dado a qualquer momento, mas a sabedoria está no filtrar o relevante e integrá-lo ao nosso repertório. É necessário tempo e esforço para essa transformação. É um processo contínuo de aprendizado e reavaliação.
Por isso, desenvolver a habilidade de discernir, curar e aprofundar-se em certos temas é mais importante do que simplesmente acumular informações. Em vez de sermos passivamente informados, devemos buscar ser ativamente conhecedores, conectando pontos e criando novas perspectivas.
Só assim podemos navegar no oceano de informações sem ficarmos à deriva.

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