E se o “Papa” da sua empresa tiver mais de 50 anos?
- Luis Alcubierre
- 25 de abr.
- 2 min de leitura
Quando um Papa é eleito, o mundo silencia. A fumaça branca sobe aos céus de Roma, e uma tradição milenar se renova diante dos nossos olhos. No entanto, poucos reparam em um detalhe: dificilmente um Papa é eleito com menos de 50 anos. E isso não é por acaso. O papel que essa autoridade desempenha exige muito mais do que fé e vocação. Exige maturidade, discernimento, escuta e, acima de tudo, experiência.
Desde São Pedro, considerado o primeiro Papa, até Francisco (Jorge Mario Bergoglio), eleito em 2013, a Igreja Católica teve 266 Papas. Destes, apenas quatro foram eleitos com menos de 50 anos, sendo o mais jovem Bento IX, que assumiu o pontificado aos 20 anos no século XI. E isso, vale dizer, em períodos em que a expectativa de vida mal ultrapassava os 35 anos. No clero, a maturidade sempre foi vista como um pré-requisito para conduzir fiéis ao redor do mundo.
Curiosamente, usamos a palavra “papa” para nos referir, informalmente, àqueles que dominam uma profissão com excelência: o "papa (ou a papisa) da Engenharia", o "papa da Comunicação". O mesmo se diz do "pelé da Medicina" ou do "pelé do Direito". É nossa maneira informal de reconhecer a genialidade e o domínio absoluto de uma área. Profissionais com um conhecimento tão profundo que viram referência. Na gramática, chamamos essa figura de linguagem de antonomásia. Mas, no mundo real, quantas empresas estão dando as costas a esses “papas” pelo simples fato de terem cruzado a linha dos 50 anos?
Em tempos de culto à juventude, o mercado esquece o valor da escuta, do olhar atento, da vivência que atravessou crises, rupturas, transformações e ainda assim permanece atual. Um profissional 50+ pode ser o farol silencioso em meio ao ruído. Pode ser a figura que antevê o risco, identifica o talento e sabe que nem toda resposta está no Chat GPT.
Mais do que nunca, precisamos reequilibrar essa equação. Inovação não é exclusividade da juventude. E maturidade não é sinônimo de estagnação. Da próxima vez que cruzar com um profissional experiente, pense bem: talvez ali esteja o próximo “Papa” da sua empresa.

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