Heróis da Infância

Com o lançamento do novo filme da DC Comics nos cinemas, é inevitável pensar nos grandes super-heróis do imaginário coletivo. Sempre impressionam aqueles que são fortes, viram fogo, têm pacto com artrópodes e quirópteros, ou correm como raios, mas ... sinceramente? Nunca tiveram o mesmo apelo para mim. Meu coração, desde criança, sempre bateu por Zorro, personagem criado pelo norte-americano Johnston McCulley em 1919. Um herói que não precisa de superpoderes para ser notável. E talvez por isso mesmo esteja tão próximo da vida real.

Zorro, ou Don Diego de La Vega, é um mestre do equilíbrio. Por trás da máscara, um aristocrata espanhol que, mesmo nascido em berço privilegiado, escolheu lutar pelos vulneráveis. Inteligente, sagaz e cheio de senso de justiça, ele tem algo único: uma elegância moral que equilibra sua bravura com perspicácia e estratégia. Reconheço com carinho que talvez sua origem espanhola tenha falado mais alto na minha infância. Uma proximidade cultural irresistível. Mas o que me fascinava mesmo era como Zorro me ensinava que coragem não tinha a ver com gritar ou atacar, mas com planejar, recuar quando necessário e fazer o bem sem alarde. 

E era legal constatar que o cara estava longe da perfeição. Às vezes teimoso, um tanto arrogante, e sempre precisava das pessoas ao redor para lembrar que, mesmo debaixo da capa, ele não era imbatível. No fundo, ser herói não é ser invencível. É ser humano.

Hoje, ao olhar para trás, entendo que além da educação em casa e dos exemplos fora dela, os traços do Zorro ajudaram a moldar quem eu sou. Aprendi com ele que ética e estratégia andam de mãos dadas e que a força está tanto na ação destemida quanto no riso fácil, que ele maneja tão bem quanto a espada. Sempre me inspirei na sua humanidade, nas suas virtudes, mas também nas suas falhas, porque reconhecer e aceitar as fraquezas é parte vital de ser quem somos. Faz um bem danado acreditar que a elegância está na combinação do equilíbrio com a autenticidade, sem medo do que os outros possam pensar.