Faróis que permanecem
- Luis Alcubierre
- há 12 minutos
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Houve despedidas que o tempo me fez viver. Daquelas que rasgam o coração, mas ao mesmo tempo o preenchem com um amor tão vasto que parece não caber em mim. Pessoas que não se vão por completo, mas se transformam em algo que carrego para sempre. Uma memória pulsante, um sorriso que surge de repente, um conselho que sussurra nas horas de silêncio.
Escolho não escrever sobre a tristeza porque seria pequeno demais perto da grandiosidade de tê-las vivido. E talvez a grande retribuição em vida que possa dar seja essa essa. Transformar adeus em agradecimento. Não é que a saudade deixe de existir. Ela apenas encontra um lugar mais calmo para morar, num canto confortável do peito. Onde antes havia dor, agora há plenitude.
Quando penso nelas, o que me vem não é o fim, mas o caminho compartilhado. As risadas que pareceram eternas. As noites que nunca quis que terminassem. A sensação de que estava sozinho e, ao olhar para o lado, lá estavam elas, de plantão, prontas para iluminar todos os labirintos. Eram faróis. E faróis não se apagam, mesmo que a distância nos faça vê-los apenas como pequenos pontos de luz na imensidão.
Sinto o vento em um dia quente, o mar à frente de olhos que se perdem no horizonte. É este o sentimento! Elas são o vento que me empurra, o mar que me acalma, o horizonte que me inspira a sempre seguir. Quero viver dessa forma, honrando tudo o que me ofereceram com sua presença. Porque quem nos molda dessa maneira nunca parte de verdade. Transformo a ausência em força; saudade em propósito; história em legado.
E aqui estou, com o coração cheio, retribuindo à vida o presente que recebi. Por elas, levanto-me novamente. Por elas, continuo a jornada. Por elas, vivo com a intensidade que suas vidas me ensinaram a enxergar. Porque o amor que recebemos não é um fim. Ele transborda e contagia o mundo ao redor.
Faróis permanecem, mesmo quando não os vemos mais.

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