Permita-se o fracasso, mas nunca o aceite
- Luis Alcubierre
- 19 de mai.
- 2 min de leitura
Em sessões de mentoria, uma preocupação é recorrente: o medo do fracasso. Todos nós falhamos. É inevitável. Ninguém escapa da dor de uma tentativa frustrada, de um projeto que não vinga, de um sonho que escorrega pelas mãos. O fracasso machuca o orgulho, a autoestima, a imagem que gostaríamos de sustentar. Ele é parte da vida pessoal, profissional, afetiva, esportiva, de qualquer perspectiva que queira olhar. Está presente, quase sempre silencioso, mas constante. O que diferencia as trajetórias não é a sua ausência, mas o que se faz quando ele aparece.
Imagine uma roda entre Gandhi, Mandela e Mujica. Gandhi diria que o fracasso é um mestre silencioso que ensina a humildade com mais honestidade que o sucesso. Mandela lembraria que passou 27 anos preso, mas nunca deixou que o fracasso da liberdade o impedisse de continuar acreditando nela. Mujica, com seu jeito direto, talvez dissesse: “errar é humano, aceitar a derrota como destino é que é covardia”.
Eles não romantizariam o fracasso, mas também não o cobririam com vergonha. Porque o fracasso só nos destrói quando deixamos ele morar dentro da culpa; quando confundimos errar com ser errados; quando permitimos que o olhar dos outros nos defina mais do que nossa própria capacidade de reagir. Não se trata de aceitar a queda como natural e, por isso, inofensiva, mas sim de entender que ela acontece. E, ainda assim, sempre levantar.
Reagir é um verbo de ação. É o momento em que o silêncio da dor se transforma em movimento. Às vezes, é preciso tempo; outras vezes, coragem imediata. Mas a reação começa com a decisão de não se abandonar. De lembrar que o mundo gira e que ninguém é a sua última falha. Existe grandeza em não desistir.
Fracassar é permitido. Parar por causa disso, não. Quem entende isso vive com mais coragem e menos culpa. O jogo da vida não é sobre não cair, mas sobre não perder a vontade de jogar. Então, permita-se o fracasso. Sinta, aprenda, cale, se for preciso.
Mas, por tudo o que você ainda pode ser, nunca o aceite como um ponto final.

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