O renascentista Messi
- Luis Alcubierre

- 7 de set.
- 2 min de leitura
Há momentos em que até os gigantes vacilam. Lionel Messi, em 2016, após mais uma derrota amarga da Argentina nos pênaltis contra o Chile, na final da Copa América, declarou que não vestiria mais a camisa da seleção. Era a quarta final perdida em nove anos, um fardo pesado demais mesmo para quem já era considerado dos maiores do mundo. Enquanto encantava o planeta no Barcelona, colecionando Bolas de Ouro e quebrando recordes, com a albiceleste, parecia condenado a um ciclo de frustração. Ali, muitos acreditaram que Messi havia encontrado o limite humano da própria genialidade.
Mas foi justamente da dor que nasceu a reviravolta. Convencido a voltar, Messi entendeu que a camisa da Argentina não era só a extensão de sua carreira, mas o elo definitivo com sua identidade, com um povo que tantas vezes o questionara. De lá em diante, sua trajetória com a seleção deixou de ser marcada por finais perdidas e passou a ser escrita em páginas de glória: campeão da Copa América em 2021 sobre o Brasil; vencedor da Finalíssima contra a Itália; e, sobretudo, campeão do mundo em 2022, no Catar, em uma final que já se tornou lenda.
O que mudou? Messi deixou de ser o talento sobre-humano que desequilibrava com a bola nos pés. Passou a ser também o líder emocional, o homem que gritava, corria pelos companheiros, que não fugia do peso do hino nem do estigma da braçadeira. Tornou-se, enfim, um símbolo. E nessa jornada, voltou a ser coroado pela torcida, pela imprensa e pela maioria de técnicos e jogadores de todo o mundo.
Nesta semana, aos 38 anos, ao ser ovacionado por uma torcida argentina tomada pela emoção em Buenos Aires, depois de mais dois golaços contra a Venezuela pelas Eliminatórias, Messi mostrou que sua história se escreve além dos limites de um jogador fora de série, mas também de um homem que caiu e se levantou com ainda mais força, encontrando no retorno a energia que o projetou ao nível definitivo. São muitos os argentinos que hoje, sem pudor, o colocam acima de seu próprio deus Maradona.
No pós-jogo, em tom tão humano quanto honesto, Messi admitiu que não sabe se estará na Copa do Mundo de 2026. “O mais lógico é que eu não chegue lá”, disse, referindo-se à idade, às lesões recentes e ao desgaste físico. Mas fez questão de afirmar que seguirá ouvindo seu corpo e seu coração antes de qualquer decisão.
Há personagens que atravessam vales e voltam transformados, reinventando-se em uma versão mais inteira de si mesmos. Depois da queda, Messi encontrou na redescoberta a chance de enxergar o futebol, e a própria vida, com novos olhos. Reescreveu linhas e devolveu ao jogo a sensação de que, em certos instantes, o futebol pode ser arte e humanidade ao mesmo tempo.






























































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