O preço da elegância
- Luis Alcubierre

- 20 de out.
- 2 min de leitura
Aos poucos, vamos descobrindo coisas que acontecem na cobertura da sociedade brasileira que, na verdade, seria melhor viver sem saber. No último domingo, o Fantástico trouxe à tona um desses enredos. O embate entre uma socialite e um joalheiro. Uma história permeada por cifras milionárias, viagens à Europa e joias supostamente não devolvidas. A narrativa, que mistura luxo, disputa e vaidade, reacende uma velha questão: a de que o dinheiro, por mais abundante que seja, não tem o poder de ensinar o que é decência, respeito ou limite.
É curioso observar como a obsessão pelo luxo se converteu, em certos círculos, numa forma de existência. O "ser" passa a depender do "parecer". A casa precisa brilhar, o vestido precisa ser único, o colar precisa ser visto. A ostentação, codificada em estilo, revela muitas vezes o oposto - uma carência de substância. E quando o poder aquisitivo substitui o poder do caráter, tudo se torna precário, inclusive o luxo.
O que realmente impressiona nesses episódios não são as cifras, mas a ausência de discernimento. Não há beleza possível quando se perde o senso de proporção. É nesse ponto que se torna urgente revisitar o significado de elegância. Ela não mora em um corte de alfaiataria, nem no logotipo de uma bolsa. Está na maneira como alguém trata o outro, no modo como lida com o que é público, com o que é seu e com o que é do outro. A elegância, a verdadeira, é um atributo ético antes de ser estético.
Vivemos a era em que o sucesso é medido por símbolos de consumo, não por gestos de humanidade. E é justamente aí que mora a armadilha. Quando a vantagem prevalece sobre o valor, a esperteza se veste de inteligência e o oportunismo passa por talento. Mas no longo prazo, sempre no longo prazo, a conta chega. Porque o que se conquista sem ética se dissolve sem dignidade.
O que essa história revela, no fim, é o vazio de uma sociedade que confunde riqueza com valor. O dinheiro pode abrir portas, mas jamais elevar o espírito. Pode comprar visibilidade, mas não respeito. A educação que importa é a que não se aprende com a etiqueta de uma marca, mas com o exemplo. E talvez o maior luxo que ainda exista seja justamente viver com caráter, fazendo o bem, mesmo quando ninguém está olhando..






























































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