O parlamentar que empurra, berra e sabota a democracia
- Luis Alcubierre

- 8 de ago.
- 2 min de leitura
EXCLUSIVO O Brasil está diante de uma distorção gravíssima: parlamentares que confundem representação com imposição. A cena que se repetiu nesta semana no Congresso Nacional, tanto na Câmara quanto no Senado, é o retrato fiel de uma cultura política em erosão. O uso da força, física, simbólica ou regimental, para fazer valer crenças pessoais revela uma perversão institucional que deveria nos causar indignação coletiva. Quando um representante eleito acredita que pode atropelar regras, agredir colegas ou sequestrar a pauta legislativa porque se julga portador de uma verdade absoluta, o que está em risco não é apenas a convivência democrática, mas o próprio edifício da República.
É urgente que o Congresso revise seus regimentos internos, que historicamente foram criados para proteger o debate, e não para blindar a truculência. A democracia não pode ser coadjuvante de egos inflados. Não pode ser palco para histrionismos de ocasião ou para aquilo que alguns chamam de “autenticidade”, mas que, na prática, é só autoritarismo disfarçado de convicção. O país precisa urgentemente de instrumentos que punam exemplarmente qualquer parlamentar que use a força, o grito ou o bloqueio institucional como estratégia. Quando a grosseria vira método, a civilidade perde sentido e a Constituição vira panfleto.
Mas é fundamental ir além da indignação. Que tipo de parlamentar estamos elegendo para representar um país que almeja o futuro? Estamos realmente refletindo sobre as escolhas que fazemos ou estamos embarcando na política do espetáculo, do meme e da lacração, independentemente do espectro ideológico? O problema não está apenas na extrema direita ou na esquerda combativa: o que se vê é uma orquestra dissonante, onde cada um toca sua própria partitura sem reger o país com senso de responsabilidade. O resultado não é música. É ruído. Um ruído que atordoa, que paralisa e que nos afasta de soluções concretas para os dilemas do Brasil real.
O pouco de esperança institucional que ainda restava vem sendo corroído, passo a passo, por uma cultura de baderna disfarçada de atuação política. E o alerta precisa ser disparado agora. Em 2026, teremos eleições gerais. Será mais uma chance , talvez uma das últimas, de revisar nossos critérios de escolha. Vamos seguir elegendo quem transforma o Parlamento em ringue ou vamos, enfim, exigir compostura, preparo e compromisso verdadeiro com o país? A faxina ética e comportamental precisa começar nas urnas. É hora de sanitizar. Com voto. Com consciência. Com coragem.
O Brasil não é essa barafunda institucional que alguns tentam nos fazer engolir. Não somos a escória, como diriam os mais exaltados, mas corremos o risco de nos acostumar com a indigência política se não nos posicionarmos. Ainda há tempo para exigir decência. Ainda há tempo para salvar o futuro. Mas ele começa pela coragem de dizer “não” ao parlamentar que acredita que gritar mais alto é sinônimo de ter razão.






























































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