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Curtidas que custam caro

A Polícia Federal prendeu ontem um influenciador digital em ação batizada de Operação Narco Bet. Ele é investigado por suspeitas de lavagem de dinheiro ligada ao tráfico internacional de drogas e uso de apostas online (bets) como fachada. Esse homem ostentava uma vida de luxo nas redes, rifas milionárias, sorteios de carros, produtos caros e encantava um público jovem com promessas de ascensão e visibilidade. 


Não é o primeiro influenciador metido em encrencas. Infelizmente não será o último. O filme só segue em cartaz porque há público que ainda “paga ingresso”. No caso, mais de 15 milhões de seguidores. Como vivem? O que comem? Com o perdão do meme, são perguntas que dão vontade de fazer. 


É fácil ver ali a fórmula do sucesso digital: ostentação, promessa de ganho fácil e narrativa aspiracional. É assim que montam a armadilha na qual pessoas reais caem por meio de um conto que mistura marketing, sorte e, agora sabemos, investigação criminal. Esse ecossistema de apostas não regulamentadas e influenciadores que vendem sonhos sem regras claras fala direto a quem quer acreditar que pode escapar da desigualdade pela tela de um celular.


Vivemos um momento em que essa discussão grita por urgência. A educação digital, a regulação de plataformas, a transparência de conteúdos patrocinados, tudo isso ganhou tração nos últimos meses. Mas da teoria à prática, estamos longe do ideal. Muitos influenciadores continuam atuando à margem da ética, e muitos seguidores continuam desprotegidos de mecanismos básicos de verificação, responsabilização e julgamento crítico.


Não se trata de moralizar. Queremos exigir padrões e sanções rigorosas. Atitude ética não pode ser vista como diferencial, mas como premissa. Se alguém com milhões de seguidores tem o poder de moldar comportamentos com véus de glamour, quem lidera precisa desmascarar essa realidade paralela com clareza, com rigor, e com educação que chegue aos inocentes. 


Porque enquanto a esperteza e a ousadia aumentam, a vigilância e a desconfiança parecem diminuir.


ree

 
 
 

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