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Cadmo, longevidade e o encontro de gerações

A história da humanidade é tecida com fios que entrelaçam o novo e o antigo em uma permanente fusão de renovação e sabedoria. A mitologia grega, rica em simbolismos e lições atemporais, traz à tona a relevância do convívio intergeracional através do mito de Cadmo. Conta-se que Cadmo, fundando a cidade de Tebas, procurou orientação no oráculo de Delfos e, guiado por seus conselhos, semeou o futuro plantando dentes de dragão. Desses dentes surgiram guerreiros que primeiro lutaram entre si, mas que, ao resistirem, se tornaram os fundadores de uma nova sociedade. A narrativa atesta a importância das gerações em coexistir e colaborar. O solo fértil do qual emergiram os guerreiros simboliza o encontro da juventude indomável com a sabedoria e a experiência. Cadmo, já conhecedor do mundo e de suas armadilhas, representa a velha guarda que acomoda a juventude impulsiva, transformando o vigor em conquistas duradouras.

Nem sempre é simples trazer a metáfora para a realidade. Há ruídos, impaciência e desencontros. Mas é justamente no esforço por compreender o outro que a mágica acontece. Ambas as gerações, cada qual com sua visão e habilidades, se deparam com um mundo em constante transformação. Enquanto os jovens trazem novas perspectivas, os mais velhos buscam se adaptar, aprender e muitas vezes liderar o uso das novas ferramentas à disposição, trazendo um olhar criterioso e experiente para a aplicação das inovações.

Inserir essa troca no cotidiano organizacional, no entanto, exige mais do que boa vontade. É necessário reconhecer que o capital humano não se mede só por entregas, mas também pela capacidade de inspirar, formar e acolher. “Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar”, como dizia Esopo. Quando as empresas se abrem a esse tipo de aprendizagem cruzada, ganham em clima, produtividade e retenção de talentos.

A longevidade, hoje comemorada pelos avanços da medicina e por uma nova forma de cuidados com a saúde física e mental, exige um novo olhar sobre o tempo e as relações. Se na antiguidade o tempo de vida era escasso, agora ele se estende, permitindo que histórias pessoais e saberes sejam transmitidos através de várias gerações ao mesmo tempo. Esse encontro de ideias e experiências não só reforça a continuidade cultural, como promove um sentimento coletivo de pertencimento e continuidade.

Assim como Cadmo construiu sua cidade com a união do novo e do antigo, o presente nos chama a seguir a trilha da harmonia intergeracional. Só não vê quem não quer. No contínuo ciclo da vida, juventude e maturidade, com suas respectivas vantagens e desafios, são partes fundamentais da colcha de retalhos que nos faz humanos.



 
 
 

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