A fábula dos pirilampos e a Redoma Dourada
- Luis Alcubierre
- 17 de set.
- 2 min de leitura
No coração da Clareira do Acordo, a confiança nos representantes escolhidos pelo Grande Círculo sustentava a harmonia do vale. Pirilampos, duendes e fadas acreditavam que os luminares agiam sempre em prol da floresta, decidindo sob o brilho imparcial das Luminaris. Contudo, ao longo do tempo, alguns luminares começaram a usar a confiança como cortina, protegendo suas próprias sombras.
Certo dia, enquanto o vale aguardava uma reunião importante, o Conselho Luminar propôs algo inesperado. Eles apresentaram a ideia da Redoma Dourada, uma magia poderosa que protegeria os duendes e fadas do Grande Círculo de qualquer acusação de trapaça ou erro.
- Dizemos que é para evitar perseguições, mas na verdade garantiremos que ninguém nos questione, confessou, em privado, Marmônio, o duende mais astuto do Conselho. E assim, com palavras encantadoras e promessas de estabilidade, convenceram muitos habitantes de que aquilo era para o bem de todos.
Os pirilampos, contudo, não demoraram a perceber o perigo. Lúmen, o mais atento deles, questionou os representantes:
- E se a Redoma proteger também os que agem contra o vale, escondendo intenções sombrias? Como reconstruiremos o brilho da floresta se ele ficar à mercê de quem se esconde nas sombras?
Mas os líderes responderam com argumentos doces, desacreditando os alertas. A clareira parecia acreditar mais nas promessas do que na verdade.
Com a Redoma em vigor, a floresta perdeu brilho. Os pirilampos viam alianças escondidas, desvios de luz e decisões tomadas ao abrigo das sombras. As Luminaris tremiam, agitadas pela tensão crescente. Para muitos, a confiança foi traída, mas o medo e a hesitação em enfrentar os luminares dividiam os habitantes.
A fada Esperança, percebendo o risco, reuniu os mais vigilantes e conclamou:
— Apenas a luz da união pode resgatar o vale. Devemos vigiar e expor o que está escondido.
Assim, os pirilampos e aliados iluminaram cada canto da floresta, revelando que os verdadeiros inimigos da clareira não eram os questionamentos, mas os que escondiam suas ações sob a Redoma. A clareira aprendeu que confiar é importante, mas vigiar é indispensável. Afinal, o poder que se blinda da verdade é o mesmo que apaga o brilho da floresta. E onde a clareira esquece essa lição, mais cedo ou mais tarde, as sombras retornam.

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