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A educação que não avança

Saiu em todos os jornais. Desde 2018, os indicadores do INAF mostram que 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos permanecem com analfabetismo funcional, patamar que não se alterou desde então. O dado revela que quase um terço da população, algo em torno de 40 milhões nessa faixa etária, é capaz de ler e escrever apenas textos muito simples, enfrentando barreiras em interpretação e raciocínio lógico, competências essenciais em um mundo em que a informação dá as cartas.


A consequência é um cidadão vulnerável a narrativas simplistas e polarizadas, porque, sem ferramentas para analisar dados, gráficos e tabelas, ele fica refém do viés interpretativo. O cenário se agrava entre os jovens: 39% daqueles hoje na faixa dos 15 aos 29 anos apresentam nível elementar, ainda que muitos frequentem faculdade. A estatística dá uma amostra do risco qualitativo que geramos hoje ao País com as políticas de aprovação nos ensinos Fundamental e Médio, principalmente da escola pública; e nos processos seletivos presentes no Ensino Superior, sobretudo das instituições privadas. Para não generalizar, é importante mencionar que, apesar de apresentarmos esse padrão, há exemplos de escolas públicas extraordinárias em Goiás, no Ceará, no Espírito Santo, para mencionar os mais bem avaliados pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), como também temos bons exemplos de faculdades privadas.


Dessa forma, políticas públicas que apenas amenizam o problema, sem atacar a raiz, e a falta de prática constante de leitura e dos exercícios de pensamento crítico, citando alguns exemplos, acabam reforçando o ciclo. Para romper a estagnação, precisamos de ações que estimulem o hábito de leitura desde a infância, invistam em formação continuada de professores, remunerando-os melhor, e façam da interpretação de textos, notícias e dados parte do cotidiano de todos.


Mais do que combater estatísticas alarmantes, é urgente construir uma cultura de curiosidade e questionamento. Quando alfabetização significa não só decodificar palavras, mas compreender o mundo, apontamos a saída: educação de qualidade é o antídoto contra a desinformação, as fake news e a polarização, além do alicerce de uma nação mais justa, competitiva e democrática.


foto: @Mark Farias



 
 
 

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