top of page

A diplomacia dos interesses: poder, ambição e o teste da integridade

A recente viagem de Donald Trump ao Catar para fechar acordos comerciais reaquece um debate antigo e sempre atual: onde termina o dever público e começa o interesse particular? Quando líderes com poder de decisão também têm ambições empresariais, a linha entre o público e o privado pode se dissolver com desconcertante facilidade.


No caso de Trump, que carrega um império de negócios, a dúvida é inevitável: os acordos firmados representam apenas os interesses nacionais ou também alimentam suas propriedades e marcas? A questão incomoda porque ecoa práticas silenciosas do mundo corporativo, aquelas que acontecem entre quatro paredes e raramente chegam à luz do dia.


Há empresas e há executivos que operam como verdadeiras caixas-pretas, invariavelmente quando optam por decisões que maximizam lucros pessoais, mesmo quando isso compromete o futuro da organização ou o bem-estar de seus stakeholders. E aí surge a pergunta: quantas vezes o que é rentável atropela o que é certo?


Essa não é uma crítica à existência de interesses. Eles são legítimos. Mas exige-se, dos que detêm poder, a capacidade de reconhecer o limite entre representá-los e usá-los como trampolim para fins pessoais. O desafio ético está menos em identificar o que é legal e mais em sustentar o que é legítimo.


É por isso que a governança não pode ser tratada como item de compliance decorativo. Ela é o esteio da confiança. Quando bem praticada, não é obstáculo à liberdade decisória, é sua garantia moral. Onde há transparência, há menos espaço para a dúvida. E, em um ambiente de negócios ou na política, confiança é ativo de longo prazo.


Essa discussão não se encerra em Trump, nem nos grandes CEOs. Ela nos atravessa. Todos, em algum momento, temos uma caneta na mão, um poder de decisão que afeta outras pessoas. O teste da integridade não se dá sob holofotes. Ele se revela no silêncio de uma escolha.


A pergunta que fica, portanto, não é sobre Trump. É sobre nós: o que nos guia quando ninguém está olhando?



 
 
 

Σχόλια


+ Recentes
Arquivo
Busca por Tags
Siga-me
  • LinkedIn Social Icon

© 2015 - 2025 | Luis Alcubierre
criado com w
ix.com

 

  • LinkedIn
Luis Alcubierre
bottom of page