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A diferença entre o contraditório e o hater

Vivemos em uma constante exposição de ideias. Publicamos, comentamos, compartilhamos. É natural, e saudável, que nossas opiniões despertem diferentes perspectivas e reações. Afinal, o debate é um dos pilares de qualquer sociedade democrática. No entanto, há uma diferença fundamental entre o contraditório elegante e o comportamento do chamado "hater".


O contraditório elegante é aquele que enriquece o debate. Pode discordar frontalmente de uma opinião, mas o faz com argumentos consistentes, escuta (ou leitura) ativa e, sobretudo, com respeito. Essa crítica ponderada revela pontos que talvez tenham passado despercebidos ou amplia a compreensão sobre o tema. Mesmo quando nos confronta, esse tipo de comentário constrói.


Já o hater não busca o diálogo. Seu objetivo não é refletir sobre o conteúdo ou provocar um debate produtivo. Ele ataca. Personaliza a crítica. Questiona intenções, caráter, história. Muitas vezes sequer leu o conteúdo por completo. Ignora nuances, interpreta fora de contexto, projeta fantasmas pessoais no que foi dito, como um desejo insaciável de encontrar misoginia, xenofobia, preconceitos, ou qualquer forma de vilania, mesmo onde ela não existe.


Esse comportamento não apenas desgasta quem se expõe, mas empobrece o espaço público. Quando não se discute mais o quê foi dito, mas sim quem disse, e com base em suposições precipitadas, abandonamos a possibilidade de convivência com o diferente. Acabamos por transformar opiniões em trincheiras e o outro, automaticamente, em inimigo.


É preciso resgatar o respeito pela divergência. Discordar é parte da vida. Questionar ideias alheias pode, e deve, ser um exercício constante. Mas rotular, agredir ou cancelar sem a mínima disposição para o entendimento é um atalho perigoso, que destrói vínculos e empobrece a democracia do pensamento. 


O contraditório elegante nos eleva. O hater nos afunda. A escolha, afinal, é de cada um.


Falo isso não como dono da verdade, mas como alguém que acredita no valor da conversa adulta, mesmo quando desconfortável. Já mudei de opinião ouvindo bons argumentos, e espero continuar mudando. Mas para isso, é preciso que exista o debate e não o linchamento. Que haja desacordo, não desqualificação, porque, ao fim e ao cabo, o que destrói as relações não é a opinião divergente, mas a pressa em concluir, e condenar, sem compreender.



 
 
 

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